quarta-feira, 8 de abril de 2015

Roteiro poético da cidade do Rio de Janeiro - monumentos

A cidade é repleta de lanternas mágicas a iluminar a sensibilidade, por isso, detém uma dimensão literária que é a fonte de onde jorram o pensamento e a criação. 
Calíope - musa da poesia épica
Museo Pío Clementino
Neste contexto a escultura que se vincula a memória, por excelência, retém também dimensão imaginária, como uma poética petrificada, ligada a eternidade e a permanência – denotação do vínculo fecundo e maternal entre Calíope* e Mnemosyne, - a relação entre memória e poesia. A escultura, desde a cidade clássica, é um tipo particular de arte urbana e também um tipo particular de monumento. Baudelaire no celebre texto do salão de 1859, apresenta o “divino papel da escultura”: o de contar numa linguagem muda as lendas da cidade e de sua civilização envelhecida. As esculturas atraem nossos olhos para o alto, impõem-nos os seus emblemas – um livro, uma lâmpada, um utensílio que lhe foi importante - e todos somos apoderados um instante por esse fantasma petrificado, evocativo de tempos pretéritos que nos põe a pensar, até mesmo, como escreve Baudelaire (1988), nas coisas que não são desse mundo!
Esta imagem do fantasma de pedra vincado a uma praça, no canteiro de uma avenida ou mesmo no pináculo de um edifício, faz-nos retomar, lentamente, todos significados que nos impõe o monumento. O monumento, como observamos no texto baudelairiano é também, ao seu modo, uma imagem que abre o leque da memória, neste caso, a partida da imagem é o texto ilustrado do tempo. Um outro leque, certamente, é o da ficção.
Memória e imaginação embora sejam conteúdos diferentes não cessam de se encontrar e convergir e refazer significações. A memória petrificada no espaço urbano contorna outros tempos e impõe diálogos com o presente. Um diálogo que pode ser imagético-reflexivo, como observamos no texto de Cecília Meireles:

"Na verdade, eu ia conversar com a estátua, que fica no meio da praça, alta e solene, toda cercada de símbolos…. Certamente, a estátua teria coisas interessantes a dizer-me, sempre ali parada, vendo desfilar todos os dias, à mesma hora, tanta criatura engraçada, cheia de ciência nos livros e de alegria no rosto, - pois eu, só meia hora num banco, já sentia um tumulto de ideias dentro de mim. E isto sem falar nos olhos das estátuas, que são olhos eternos, e vêm, com seu olhar imóvel, todas as coisas que se agitam na nossa mobilidade triste de prisioneiros da vida misteriosa. A minha dificuldade na conversa decorreu simplesmente da diferença de nível: a estátua se alcandorava num pedestal grandioso, e eu, bicho humilde e mortal, apenas avultava entre os verdes e as flores. Minha voz, a voz que uso todos os dias, sem alto-falante, não poderia chegar tão alto. E, além disso, as estátuas têm ouvidos de bronze."
- Cecília Meireles, em "Crônicas de Educação" nº 5. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 257. 

A escultura identifica-se, no texto de Cecília: uma presença, que a tudo assiste, cercada de símbolos, de linguagem, de histórias fixadas nos seus olhos eternos, nos seus ouvidos de bronze. 
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:: Texto extraído, CORCINIO JUNIOR, Givaldo Ferreira. "Espaços da memória: um estudo da poética dos monumentos urbanos". XIII Simpósio Nacional de Geografia Urbana, UERJ, Rio de Janeiro, 18 a 22 de novembro 2013. Disponível na integra no link. (acessado em 08.04.2015).
* Musa da inspiração e da poesia. Uma das 9 filhas de Mnemosyne, deusa da memória e mãe das Musas, como relata o Mito Grego.


MONUMENTOS
Não são apenas as belezas naturais da nossa cidade que chamam a atenção de cariocas e turistas. Os monumentos e chafarizes espalhados por diversos bairros também.

Escultura do poeta Olavo Bilac
Escultor: Humberto Cozzo
Local: Passeio Público
Peça: Busto 
Data: Século XX
Material: Bronze - Granito de Petrópolis
Busto Olavo Bilac, obra do escultor Humberto Cozzo

Escultura do poeta Gonçalves Dias
Escultor: Rodolfo Bernardelli 
Local: Passeio Público
Peça: Busto 
Data: 1901
Material: Bronze
Busto Gonçalves Dias, obra do escultor Rodolfo Bernardeli

Escultura do poeta Olegário Mariano
Escultor: Humberto Cozzo 
Local: Passeio Público
Peça: Busto 
Ano: Século XX
Material: Bronze

Busto de Olegário Mariano, obra do escultor Humberto Cozzo

Escultura da escritora Júlia Lopes de Almeida
Escultora: Margarida Lopes de Almeida
Local: Passeio Público
Peça: Busto 
Ano: 1935
Material: Bronze
Busto de Júlia Lopes de Almeida, 
obra de Margarida Lopes de Almeida

Escultura do poeta Castro Alves
Escultor: Eduardo Sá 
Local: Passeio Público
Peça: Busto 
Data: 1913
Material: Bronze, em coluna egípcia
Busto Castro Alves, obra do escultor Eduardo Sá

Escultura do poeta Luiz de Camões
Escultor: ?
Endereço: Rua Luis de Camões, 30 - Centro, Rio de Janeiro/RJ
Peça: Busto 
Data: Século XX
Material: Bronze

Busto de Luiz de Camões

Estátua do escritor Machado de Assis
Escultor: Humberto Cozzo 
Endereço: Avenida Presidente Wilson, 203 - Centro, Rio de Janeiro/RJ
Peça: Estátua 
Data: 1929
Material: Bronze
Escultura do escritor Machado de Assis, obra do escultor Humberto Cozzo 

Estátua do poeta Manuel Bandeira
Escultor: Otto Dumovich
Local: Avenida Presidente Wilson - Centro, Rio de Janeiro/RJ
Peça: Estátua 
Data: 2007
Material: Bronze
Estátua Manuel Bandeira, obra do escultor Otto Dumovich


Estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade
Escultor: Leo Santana
Local: Copacabana, nas imediações do Posto 6, no Rio de Janeiro/RJ
Data: 2002
Material: Bronze

Estatua de Carlos Drummond de Andrade, na praia de Copacabana,
Rio de Janeiro/RJ - foto: Flavio Veloso


Escultura do poeta Moacir de Almeida
Escultor: Honório Peçanha 
Local: Passeio Público
Peça: Busto 
Data: Século XX
Material: Bronze
Obs.: aqui publicamos uma foto do poeta.
O poeta Moacir de Almeida

Referências e fontes de pesquisa
:: Passeio Público.
:: Rio Monumentos.


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* Página atualizada em 8.4.2015

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terça-feira, 7 de abril de 2015

Circuito da poesia carioca

Nas casas do Rio de Janeiro, pelas ruas e pontes, nos bares e festas populares, a poesia está sempre presente. A cidade é uma fonte de grandes poetas, que tornam imortais as emoções que o Rio de Janeiro produz em cada coração.


POETA SAIA DA GAVETA
O PSG tem como principal objetivo encorajar novos poetas a engajarem-se no movimento poético contemporâneo carioca. Em seus eventos, procura formar uma platéia para aplaudir o poeta, despertando o gosto pela poesia. Também prestigia a música popular brasileira e abre espaço para novos compositores. Criado e dirigido por Teresa Drummond desde 1993, o PSG conta com a coordenação da poeta Neudemar Sant`Anna.
Data: todas  2ª terça-feira, de março a dezembro, das 18h às 22h. O rodízio de poesia é acompanhado por músicos.
Local: Casa do Bacalhau, Rua Dias da Cruz, 426, Méier
Contatos
Informações pelo e-mail: poetasaiadagaveta@gmail.com
Blog: Poeta Saia da Gaveta 
Fanpage facebook: Poeta Saia da Gaveta


TERÇA CONVERSO
Com o grupo Poesia Simplesmente e seus convidados, toda terça-feira
Horário: das 18h30 às 20h30
Local: Teatro Glaucio Gill (palco maior) - Praça Cardeal Arcoverde, s/nº, Copacabana - Rio de Janeiro/RJ
Entrada: R$ 6,00 (inteira)
Organização e divulgação: Grupo Poesia Simplesmente
Coordenação: Angela Maria Carrocino, Delayne Brasil, Laura Esteves e Silvio Ribeiro de  Castro
Apoio: Funarj
Informações pelo e-mail: poesiasimplesmente@gmail.com 
Blog: Grupo Poesia Simplesmente


CORUJÃO DA POESIA
Um evento aberto aos poetas de todas as tribos.
Data: todas as terça-feira.
Coordenação: João Luiz de Souza
Perfil no facebook: Corujão da Poesia.


MANO a MANO COM A POESIA 
Seu Programa de Música, Humor & Versos. Toda a primeira Quinta-feira de cada mês às 22h15min. Apresentação: Mano Melo e Cristina Bethencourt. 
Rádio Roquete Pinto 94.1 FM.
E-mail: manomelo45@gmail.com 
Perfil no facebook: Mano Melo


TE ENCONTRO NA APPERJ
APPERJ - Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro
Coordenação: Sérgio Gerônimo
Local: Restaurante Gambino, sobreloja, rua do Catete, 288 - Largo do machado, Rio de Janeiro/RJ
Site oficial: APPERJ


SARAUPOESIA LI NA LIVRARIA
2º temporada 2015 - Datas no link.
Local: Livraria da Travessa, BarraShopping, 2º piso, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ
Entrada: gratuita
Contatos pelos tel: (21) 3328-4863 
ou e-mail: apperj@apperj.com.br
Site oficial: APPERJ


VIII FESTIVAL DE POESIA FALADA DO RIO DE JANEIRO 
Prêmio: Francisco Igreja
Regulamento 2015, disponível no link
Realização: APPERJ - Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro
Site oficial: APPERJ 


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* Página atualizada em 8.4.2015

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segunda-feira, 6 de abril de 2015

A poesia se esfrega nos seres e nas cousas

Adalgisa Nery, 1956.
Nunca sentiste uma força melodiosa
Cercando tudo o que teus olhos vêem,
um misto de tristeza numa paisagem grandiosa
Ou um grito de alegria na morte de um ser que queres bem?
Nunca sentiste nostalgia na essência das cousas perdidas
Deparando com um campo devoluto
Semelhante a uma viagem esquecida?
Num circo,nunca se apoderou de ti um amargor sutil
Vendo animais amestrados 
E logo depois te mostrarem 
Seres humanos imitando um réptil?
Nunca reparaste na beleza de uma estrada
Cortando as carnes do solo
Para unir carinhosamente
Todos os homens, de um a outro pólo?
Nunca te empolgaste diante de um avião,
Olhando uma locomotiva, a quilha de um navio,
Ou de qualquer outra invenção?
Nunca sentiste esta força que te envolve desde o brilho do dia
Ao mistério da noite,
Na extensão da tua dor
E na delícia da tua alegria?
Pois então, faz de teus olhos o cume da mais alta montanha
Para que vejas com toda a amplitude
A grandeza infindável da poesia que não percebes

E que é tamanha!
- Adalgisa Nery, in: Mundos Oscilantes, 1962.